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quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Da minha janela vê-se o mar

 


Despedida de Quarteira

Despedida de Quarteira



Deixo-te, Quarteira, com o coração cheio,
o mar ainda ecoa nas conchas do meu peito,
as ondas que embalam segredos antigos
ficam gravadas no silêncio do areal.

As gaivotas riscam o céu azul sem fim,
e o sol, que se deita devagar sobre o mar,
pinta de ouro a memória dos dias,
como se nunca quisesse apagar-se.

Levo comigo o cheiro a maresia,
o calor das tardes lentas,
o riso leve das crianças,
as ruas onde o tempo se esquece de passar.

Despeço-me, mas não parto por completo:
em cada passo fica um rastro de saudade,
em cada olhar, o desejo de voltar.
Quarteira, guardas-me sempre um lugar.

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Guerra

 


Guerra

Ó guerra, fera vil de mil horrores,
Que marchas sobre o chão com pés de aço,
Semeias luto, pranto e dissabores,
Rasgando o céu com teu sangrento laço.

Tua bandeira cheira a desespero,
Teus hinos são clamores de agonia.
No campo, jaz o sonho mais sincero,
Ceifado pela morte em pleno dia.

Mas crês trazer justiça à humanidade,
Enquanto ergues muralhas de opressão.
Mentiste em nome da tal liberdade,

E ergue-se o poder com vil traição.
Que a paz renasça, enfim, da tempestade,
E cale a guerra em vão seu trovão.

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Entre Nós, a Distância


Poema que fala sobre a longa distância entre pessoas, transmitindo sentimentos de saudade e anseio, explorando a beleza e a tristeza que essa separação pode trazer. Esse poema pode abordar temas como amor perdido, memórias de momentos compartilhados e a esperança de um reencontro futuramente, enfatizando como a distância, embora desafiadora, também enriquece a profundidade dos sentimentos.

Entre Nós, a Distância


Entre nós há mares, há montanhas,
há silêncios longos como madrugadas,
palavras que não foram ditas,
e saudades que não pedem licença.

Teu nome ecoa nas horas vazias,
feito brisa que roça a memória,
um calor que não se apaga
mesmo longe da chama.

A distância não mede só o espaço —
mede o peso dos dias sem toque,
a ausência do olhar que entende
sem que se diga uma palavra sequer.

Mas também há força na espera,
há amor que resiste ao tempo,
feito raiz que não se vê,
mas sustenta o que floresce.

E se agora não te toco a mão,
ainda assim te tenho aqui:
em cada verso que escrevo,
em cada sonho que insiste em ti.



sábado, 9 de agosto de 2025

Poema sobre o Sofrimento Humano

 


A travessia da dor entre sombra e esperança

Primeiro ato: O nascimento do sofrimento

No princípio, a vida surge envolta em mistério,

Na face do ser, o traço frágil do tempo.

Do ventre ao mundo, o choro é já presságio

De uma trilha feita de incerteza e de vento.

Desde o primeiro olhar à luz, há dúvidas

Que se espalham pelo corpo e pela mente,

Como rios que nunca cessam o seu fluxo,

Como nuvens que encobrem o sol nascente.

O sofrimento humano não tem hora marcada,

Vem sutil, como névoa sobre a madrugada,

Ou irrompe como tempestade inesperada,

Arrancando raízes e lares, sem nada avisar.

É a ausência, é o medo, é o vazio no peito,

É o grito abafado, a lágrima sem respeito,

É o silêncio que ecoa, intransponível leito

Onde naufraga a esperança sem jeito.

Segundo ato: A multiplicidade da dor

Cada indivíduo carrega o seu fardo secreto,

A dor se veste de mil formas, mil nomes,

Vai do lamento sussurrado ao pranto discreto,

À angústia que nunca encontra onde se esconde.

Há quem sofra no corpo, e quem sofra na alma,

Há dores que se arrastam por anos sem calma,

Há perdas que dilaceram, há culpas que inflamam,

Há sonhos despedaçados que nunca mais se embalam.

O sofrimento das multidões, estampado nos rostos,

É o retrato de guerras, de fome, de exílio,

É o peso dos muros, das cercas, dos postos,

É o abandono, o desprezo, o desabrigo.

Há quem tema o futuro, quem se prenda ao passado,

Quem se perca no labirinto do presente,

Quem busque por sentido, por abrigo sagrado,

Quem só encontre o frio de um mundo indiferente.

Terceiro ato: O ciclo do sofrimento

A dor é ancestral, percorre séculos e eras,

Constrói monumentos, destrói pontes, acende feras.

É filha da perda, irmã do medo e da espera,

Companheira fiel das horas mais severas.

Em tempos de peste, a humanidade estremecida,

Viu nos olhos da morte a sua própria ferida,

E no seio da dor, buscou guarida,

Até que o tempo, lento, curasse cada vida.

O sofrimento é também poesia, é arte que se gera,

É a canção do exílio, é o quadro de uma era,

É o verso tímido, a mão que desespera,

É palavra que consola, mesmo quando impera.

Quarto ato: Resistência e esperança

Mas por entre ruínas, brota a promessa:

Mesmo quando tudo parece perdido, há quem persista.

A dor ensina — à força, à coragem, à nobreza,

A cada queda, há um recomeço à vista.

No olhar de quem sofre, um brilho resiste,

A esperança é semente que nunca se extingue.

Por entre lágrimas, alguém insiste

Em plantar amanhã onde o hoje não distingue.

O sofrimento une os que na vida tropeçam,

É ponte invisível sobre abismos profundos.

Em cada gesto de empatia, os corações se aquecem,

Fazendo do humano o mais belo dos mundos.

Quinto ato: A travessia

A jornada é longa, a estrada é incerta,

O sofrimento é sombra, mas também é lanterna.

Ele ilumina o caminho de quem desperta

Para o valor da vida, à margem da caverna.

Em cada história narrada, em cada rosto marcado,

Há uma lição que se desenha, um destino traçado.

O sofrimento humano é um livro inacabado,

Em cujas páginas há dor, mas também há abraço.

Os poetas cantam o sofrer

Não por deleite, mas por entender

Que na dor se revela o ser,

E na superação, o renascer.

Sexto ato: O eco da humanidade

Quando o sofrimento se alastra pelo mundo,

É preciso escutar seu eco mais profundo.

Nas ruas, nos campos, nos céus sem fundo,

Há vozes que clamam por um segundo.

Que seja de consolo, de presença, de abrigo,

Que seja de compaixão, de partilha, de amizade.

Que não se ignore o que está contigo,

Que não se negue o valor da dignidade.

A grandeza da humanidade está em não negar

Que todos sofrem, que todos querem amar.

Que há beleza em tentar aliviar

O peso do outro, o medo de naufragar.

Sétimo ato: O sofrimento e a esperança

Por fim, que se saiba: o sofrer não é o fim,

É passagem, é gesto, é busca por jardim.

No terreno árido, cresce o capim,

E onde há dor, há também clarim.

O sofrimento humano é chama e é luz,

É sombra que ensina, é estrada que conduz

A um amanhã onde tudo reluz,

E o coração, enfim, se traduz.

·        Que a dor seja ponte para a empatia,

·        Que o sofrimento se transforme em poesia,

·        Que a humanidade encontre harmonia,

·        Na travessia entre a sombra e a alegria.

E assim, a jornada continua, entre lágrimas e sorrisos — pois todo sofrimento é também oportunidade de revelar a grandeza oculta no ser humano.

Da minha janela vê-se o mar