Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Navegar no sonho


Na distância de um braço ali mesmo ao meu lado
No beiral chilreando a todo o momento
Do dia que corre um pouco abafado
Será frio fome ou sede ou só mesmo lamento

Madrugada igual a tantas outras
Diferente pela luz que entra pelas frinchas
Reflexo no centro do quarto
No momento de acordar e estar farto
De estar só aqui na distância do tempo
Onde a corrente te ilumina
Mesmo em pleno dia
Á beira mar do teu imaginário
Ou simplesmente matinal
Diferente do presente
Numa viela de calçada portuguesa
Onde os toiros passarão naquele dia
Igual a tantos outros de anos anteriores
Mas diferente este ano pela tua presença
Como é bom sonhar neste mundo
Onde tudo corre de feição aos políticos
E nós de mãos atadas ao sistema
Embarcamos em naus sem remos
De velas desfraldadas pela tormenta
Sem rumo nem terra a vista
Eu o mar e o teu olhar
Adormeço e deixo-me navegar

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

A voz de minha mãe...


A chuva de mansinho pelo caminho se passeia
Descendo vagarosamente pela calçada
Da minha rua ali mesmo à saída da porta
Do lado de fora do coração que a suporta
As viagens de pequeno entre sonho e realidade
Pelos montes de castanheiros e musgo
Que nesta altura estavam pintados de verde
Na encosta do meu imaginário
Ali sim sentia-me na plena liberdade
Onde os deuses me falavam e num eco distante
O meu nome se ouvia
Lá ao fundo junto ao coreto onde brincava
Na ribeira onde os manéis apanhavam enguias
O Sol esse era o único que sorria
Olhei para sapatos de domingo
E o sorriso partiu
Afinal teria de descer à terra

E ouvir a voz de minha mãe

sábado, 2 de janeiro de 2016

Folhas caídas





Caíram castanhas molhadas
Afugentadas pelo vento do Norte
Ficaram no chão amontoadas
Simplesmente à sua sorte

Foram verdes e risonhas lá no pedestal
No cume das árvores ao meu redor
Por vezes na noite celestial
Abanavam sem pudor

Caíram assim de mansinho
Silenciosamente sem dor
Umas por ali outras no caminho
Esvoaçam sempre que sentia vapor

Agora amarguradas
E muito enlameadas
De mãos dadas
Seguiam o seu caminho…

O assobio do vento que passa

  O vento que lá fora assobia Não traz nada simplesmente frio No beiral aconchega-se uma cotovia De asa de lado estará ferida A cria...