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segunda-feira, 25 de abril de 2022

Ontem e depois...

 

Caí a noite entre estrondos de bombas

Mulheres de choros perdidos

Gritos de crianças abandonadas

Corpos em valas amontoados

E tu aí triste e desconsolado

Por te sentires abandonado

Num país de interesses

Pensando em liberdade

Afinal a falsidade

Que vence por inteiro

Das nove a uma

Neste Pais caloteiro

Aí que me dera viver essa liberdade

Que cantam sem saber

Afinal aconteceu

Liberdade vista do outro lado

Que não se importa onde termina

A tua liberdade afinal

Liberdade… liberdade, liberdade

Deixem-me dormir

domingo, 24 de abril de 2022

Passo a passo

 Queria escrever sobre a Liberdade que nunca me faltou

Dizer-te tantas palavras que ficaram por dizer

Mas o tempo esse que nos enganou nunca parou

Hoje ao ver-me ao espelho sinto a falta de não te ver

 

Cerro os meus olhos e entro nos meus sonhos

Subi a serras e muitos planaltos deste país

Percorro as valetas e vielas de outros tempos

E vou contigo de mão dada até onde sempre quis

 

Mas tenho de me esforçar para me recordar

Os dias que me levaste à escola estavam frios

Outros tempos outras voltas tinhas de dar

Seguia só entre vento e os meus assobios

 

Na esperança de ver nesse teu olhar certeiro

Que o sentia ao aproximar-me da tua casa

E eu no meu passo pequeno e matreiro

Tentava voar para ti mas não tinha asa

Em breve...


 

Um dois três quatro cinco

Aperta o cinto

Que vamos voar

Com o primo jacinto

No avião azul

E cair no mar

A água está fria

Mas antes na água

Que no terraço

Comemos no campo

Quando eu voltar

Sonhos perdidos

No tempo e no espaço

Choro no teu regaço

Por não poder cantar

Partiste sem dizer nada

De um suspiro

Nem um até amanhã

Senti calafrio

Logo passou

Afinal foram

Um dois três quatro

O quinto está para vir

Já se preparou

Última viagem

 


Última viagem

Toca o sino do alto do campanário

Na estrada empoeirada passa o enterro

Homem que vem de uma guerra

Fechado e sem alma

Choram as mães

Os filhos e os perros

Lá ao longe engravatado está o otário

Que o fechou entre tábuas e ferro

No meio deste vale e a serra

Colocam a bandeira na minha palma

Choram as mães

E colocam-no entre cerdos

Não chove

Não faz frio

Esse é o meu arrepio

A marcha termina o primeiro ato

Não vai haver desacato

Partiu

A vida essa continua

Com choros pela rua

A NOSSA PALAVRA

 


A NOSSA PALAVRA

Navegava sobre águas furiosas

Das minhas palavras e orações

Nesta vida cheia de ramos de rosas

E muito cravos e algumas devoções

 

Caminhei sobre essas mesmas águas

Que um dia o vi descalço a percorrer

Era miragem tinha umas tábuas

Pergunto porque o deixamos morrer

 

Nas aflições nos maus momentos e na dor

Rogamos-lhe o nosso perdão

Ele não escolhe nem momento nem cor

Para nos dar a sua salvação

 

E viajamos de terra em terra

Conversamos até com o prior

Praticando a nossa palavra

Um dia nos darão algum valor

terça-feira, 12 de abril de 2022

Caminhar

Sentido o odor desta maresia

Que de longe se aproxima de terra

Entra em meu corpo como poesia

E em breve vamos para a serra

 

Levamos no olhar a gratidão

Dos que deixamos há dias

Saudamos os vindouros com a mão

Olhamos os pastos onde há crias

 

Somos da planície do mar e da serra

Percorremos as freguesias com amor

Mas há mais valor que o homem da terra

Com suas alfaias e o seu suor

 

Sentamo-nos ouvindo muitas histórias

Algumas delas quase a choramingar

Outras tantas talvez impróprias

Essas nem vos vou contar

 

Venha o Zé o Manel e o ti António

Depois a Maria a Zulmira e a Albertina

Dizem alguns que são campónios

Escutamos os dizeres ao som da concertina

 

Visitamos castelos mosteiros e moinhos

Redescobrindo muitas lendas de encantar

Andamos de barca e a pé pelos caminhos

Nos arvoredos nas lezírias a saltitar

 

É a alegria da comunicação

Que desfrutamos a quatro ventos

Fazemo-lo apenas por grande devoção

Quando visitamos alguns conventos

quinta-feira, 7 de abril de 2022

VIAJAR PELAS FREGUESIAS



Viajar pelas Freguesias de barca ou a pé

Sentindo sabores e os trabalhos de um Povo

Subindo a castelos e viajando até à Sé

Redescobrindo e vivendo o que há de novo

 

As rugas do trabalho que por aí anda

A fome que avassala por estes lados

Por vezes sentimos esta vida estranha

Oremos e amarremos novos dados

 

Sorrisos de quem abraça a freguesia

Os poemas encantados

A mais bela sinfonia

Os versos embalados

Não somos os coitados

E viajamos a cada dia

 

Cantai poemas dos novos poetas

Abraçai os seus semelhantes

Sejam filhos primos ou netas

Dançai as músicas d’antes

 

Nesses ranchos de tantas cores

Dos saberes inteligentes de um povo

Sinto bem perto os timbres dos tambores

Nesse coreto que um dia vai estar novo


sábado, 2 de abril de 2022

Navegar

 

Levamos no coração muitas cantigas

Muitas histórias de outros tempos

Milhares de olhares e gente amigas

Que nos acompanham ao sabor dos ventos


É no olhar e no coração que as sentimos

Os choros de criança por embalar

E sempre que nos despedimos

Deixamos algo de nós para voltar

 

Ranchos poetas artesãos e populares

De mil cores e infinitos sorrisos

Na nossa barca vamos para outros ares

Divulgando também histórias de namoricos

 

Tocam trompetes e os cantos líricos

Na igreja na freguesia ou no lar

Batemos a todas as portas e alguns ricos

Com as suas histórias de encantar

 

Navegar nestes lugares que tanto amamos

É a alegria que esperamos não ter fim

Ouvir e saber escutar os seus lamentos

Na graça de um Povo assim

ESVOAÇAR...

  Deixei-me ir ao sabor do vento Até encontrar a minha praia Fiquei sentado um momento Não sei onde anda a minha saia Escuto a mel...