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quarta-feira, 11 de novembro de 2020

DEIXEM-ME ENVELHECER

 [Em versão Covid-19]

DEIXEM-ME ENVELHECER

Deixem-me envelhecer sem compromissos e cobranças,

Sem a obrigação de parecer jovem e ser bonito para alguém,

Quero ao meu lado quem me entenda e me ame como eu sou,

Um amor para dividirmos tropeços desta nossa última jornada,

Quero envelhecer com dignidade, com sabedoria e esperança,

Amar minha vida, agradecer pelos dias que ainda me restam,

Eu não quero perder meu tempo precioso com aventuras,

Paixões perniciosas que nada acrescentam e nada valem.

Deixem-me envelhecer com sanidade e discernimento,

Com a certeza de que cumpri meus deveres e minha missão,

Quero aproveitar essa paz merecida para descansar e refletir,

Ter amigos para compartilharmos experiências, conhecimentos,

Quero envelhecer sem temer as rugas e meus cabelos brancos,

Sem frustrações, terminar a etapa final desta minha existência,

Não quero me deixar levar por aparências e vaidades bobas,

Nem me envolver com relações que vão me fazer infeliz.

Deixem-me envelhecer, aceitar a velhice com suas mazelas,

Ter a certeza que minha luta não foi em vão: teve um sentido,

Quero envelhecer sem temer a morte e ter medo da despedida,

Acreditar que a velhice é o retorno de uma viagem, não é o fim,

Não quero ser um exemplo, quero dar um sentido ao meu viver,

Ter serenidade, um sono tranquilo e andar de cabeça erguida,

Fazer somente o que eu gosto, com a sensação de liberdade,

Quero saber envelhecer, ser um velho consciente e feliz!!!


domingo, 16 de agosto de 2020

Partiu *

Quando a lágrima aparece sem saber de onde vem

E no cerrar dos olhos tempos lindos aparecem

A dor invade o coração por se perder alguém

No seu abrir todos eles desaparecem 


Vida cruel que temos de enfrentar

Ruas a pique que nos deixam cansados

Olhares perdidos no mar arrebentar

Filhos que ficam com saudades e calados


O sino toca três vezes e dá a tristeza

E nos seus intervalos sente-se amargura

De quem será do outro lado se reza

Ouve-se zumbidos de alguma ternura


Partiu


Deixou palavras que nos encantam

Sorrisos perdidos em noites de harmonia

E pelas ruas árvores que se levantam

De uma poda em dias de sinfonia


Aí doença atroz que nos aflige

Aparece pela noite calada

Entranha-se sem saber onde

E dobra-nos pela madrugada


Partiu


Sem aviso sem nota de rodapé

Sem o olhar sem nada nem ele ficou de pé

Mas ficou o seu legado o seu amor a sua ternura

O recordamos como Homem com grande fervura

Bem Haja


*Carlos Lucas 16/08/2020


terça-feira, 23 de junho de 2020

Além bem longe...




Uma imagem surge desfocada no tempo
Remorsos dos anos quem sabe sessenta
Tento que se lhe leve com o vento
Esta poeira que nunca mais assenta

Um filho rebelde com a sua rebeldia
Olhar tão terno que sou incapaz
Quem sabe se algum dia
Nem que seja quando tenha paz

Nos seus rasgos de pinturas
Que herdou da sua avó
Sinto neles muita ternura
E por vezes se me dá um nó

Vivo sempre a correr
Como se fosse uma maratona
Mas os sonhos me fazem sofrer
E memórias antigas vêm à tona

Quem me dera parar o tempo
Quem me dera ser o seu pensamento
Quem me dera um sorriso por dentro
Quem me leva este sofrimento

O vento esse que entra de mansinho
Pela janela virada para o mar
Batendo na roupa devagarinho
E na minha cara me faz suar

Dizem que vem do deserto
Com esse brilho cintilante
Quente agreste aqui bem perto
Olho o céu e vejo-o tão brilhante

Um passeio para arrefecer
Com vistas para este mar
É um fim ao entardecer
Viagem que me veio chamar

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Um dia diferente...



Um dia diferente entre outros tantos
De muitos dias diferentes antes do tempo
Em que deixei de sonhar sobre tantos pontos
E outros que deixei de lado ao sabor do vento
Voltei entre paredes confinado desse tempo
Que me deixou a pensar em mim mesmo
Sim venho com mais alento
Que a vida dura quando dura e se parte sem dizer adeus
Mas quem sou eu entre os mortais com morte anunciada
Agora sem medo se alguma vez o tenha tido
Agora com mais esperança se a tivesse perdido
Agora acompanhado se é que estive alguma vez
Distante dos meus olhares mas juntos no coração
Solitários
Mas não desaparecidos

ESVOAÇAR...

  Deixei-me ir ao sabor do vento Até encontrar a minha praia Fiquei sentado um momento Não sei onde anda a minha saia Escuto a mel...