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sábado, 5 de julho de 2025

Fado – Mudar de Casa

 

Fado – Mudar de Casa

Deixo aqui um exemplo de letra inspirada nesta temática, onde se cruzam os sentimentos de perda e esperança:

 

Deixo a casa onde vivi,

Com janelas viradas ao sol,

Levo caixas de memórias,

E um coração sem lençol.

 

As paredes guardam segredos,

Que só o silêncio ouviu,

Despeço-me dos meus medos,

Num fado que nunca partiu.

 

Mudar de casa é saudade,

É um nó preso na garganta,

Mas há sempre uma verdade,

Num lar novo, que se canta.

 

E ao abrir nova porta,

Com receio e com desejo,

A esperança não é morta,

É fado no primeiro beijo.

Sem Abrigo

 

 Sem Abrigo


Na rua dorme a alma sem guarida,

Abraça o frio em véu de solidão,

Nos olhos leva a sombra da partida,

E aos pés, o pó calado do chão.

 

O vento escreve histórias no papel

Rasgando o peito nu de esperança,

E a chuva cai, cortina de um cruel

Cenário onde a vida pouco avança.

 

Mas dentro do silêncio, um novo dia

Desponta tímido, promessa leve,

No olhar cansado mora a poesia

 

Que o mundo ignora e que a alma escreve.

Mesmo entre pedras, nasce uma flor,

Revela o abrigo oculto do amor.


DEDICO AO MEU FILHO (BENJAMIM)

Levo na mão o meu coração

 

Levo na mão o meu coração

Soneto inédito


Levo na mão o meu coração, pulsante,

Como quem traz um lume em madrugada,

É chama viva, lume vacilante,

Que arde, resiste, e nunca é apagada.

 

No centro breve da palma, reticente,

Este órgão frágil, mundo inteiro encerra,

É rosa aberta, é sonho, é semente

Que se oferece ao risco e à espera da terra.

 

Ando no mundo de peito descoberto,

Coração exposto à sombra e à ventania,

Cada batida é um gesto, um verso aberto,

 

Na transparência rude do meu dia.

E mesmo quando a noite é tempestade,

Carrego-o aceso, em fé e claridade.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Soneto ao Vento

 

Soneto ao Vento

[Poesia dedicada à liberdade e ao movimento do ar]

 


Sussurra o vento histórias no arrebol,

Desenha sombras leves entre as folhas,

Canta canções antigas, sons de escol,

Desata os nós das tardes tão tristonhas.

 

Nas praças voa livre, sem fronteira,

Ergue-se em asas, dança pela estrada,

Traz o perfume azul da primavera

E leva embora a dor já superada.

 

Companheiro fiel das andorinhas,

Segredo das marés e dos destinos,

Espalha sonhos, colhe as alvoradas.

 

Assim o vento segue, sem descanso,

Costurando no tempo os seus caminhos,

Mestre do céu, senhor das madrugadas.

Quando a Criança Parte e a Velhice Vence


Quando a Criança Parte e a Velhice Vence

Poema sobre o tempo e a passagem da vida

Quando a criança parte,

Leva consigo o riso fácil,

O brilho leve das manhãs,

O cheiro doce da inocência

Que dançava no ar.

Quando a criança parte,

A casa silencia por dentro,

Os brinquedos repousam,

A esperança, inquieta, relê

Os desenhos nas paredes.

E então a velhice avança,

Pé ante pé, sem pressa,

Trazendo rugas de memórias,

E um cansaço que se aconchega

No sofá da sala vazia.

A velhice vence não por força,

Mas por constância:

É a noite que sucede mil crepúsculos,

É o eco de vozes distantes

Que já não cabem no corpo frágil.

E no espelho, restam janelas

Para um tempo onde tudo era começo,

Mas o olhar, ainda que cansado,

Agradece à criança que partiu

Por ter ensinado a sonhar.

Porque a velhice só vence

Quando aceita no coração

Que a criança partiu,

Mas deixou rastro de luz

Para iluminar o caminho da solidão.


A Despedida Deste Mar Rumo à Serra

 


Fado – Mudar de Casa

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