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sábado, 5 de julho de 2025

Levo na mão o meu coração

 

Levo na mão o meu coração

Soneto inédito


Levo na mão o meu coração, pulsante,

Como quem traz um lume em madrugada,

É chama viva, lume vacilante,

Que arde, resiste, e nunca é apagada.

 

No centro breve da palma, reticente,

Este órgão frágil, mundo inteiro encerra,

É rosa aberta, é sonho, é semente

Que se oferece ao risco e à espera da terra.

 

Ando no mundo de peito descoberto,

Coração exposto à sombra e à ventania,

Cada batida é um gesto, um verso aberto,

 

Na transparência rude do meu dia.

E mesmo quando a noite é tempestade,

Carrego-o aceso, em fé e claridade.

1 comentário:

TOP SECRET disse...

O soneto “Levo na mão o meu coração” propõe uma imagem poética de extrema vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, de imensa força. A pessoa poética não esconde os sentimentos, mas antes os expõe ao mundo, como quem carrega um objeto precioso – embora frágil – nas mãos. Assim, o coração é apresentado ora como lume ora como rosa, oscilando entre a chama resistente e a delicadeza de uma flor.
Nos dois primeiros quartetos, o eu lírico manifesta o peso e a preciosidade de carregar o próprio coração nas mãos, sublinhando a coragem de se expor, de não ocultar emoções nem proteger-se com armaduras emocionais. Na metáfora do lume, há uma alusão à chama interior: a paixão, o desejo, a esperança, mas também à fragilidade diante do vento e da incerteza. Já no uso da “rosa aberta”, a ideia de entrega e de disponibilidade ao mundo, aos encontros, às alegrias e aos sofrimentos.

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