Levo na mão o
meu coração
Soneto inédito
Levo na mão o meu
coração, pulsante,
Como quem traz um lume
em madrugada,
É chama viva, lume
vacilante,
Que arde, resiste, e
nunca é apagada.
No centro breve da
palma, reticente,
Este órgão frágil,
mundo inteiro encerra,
É rosa aberta, é sonho,
é semente
Que se oferece ao risco
e à espera da terra.
Ando no mundo de peito
descoberto,
Coração exposto à
sombra e à ventania,
Cada batida é um gesto,
um verso aberto,
Na transparência rude
do meu dia.
E mesmo quando a noite
é tempestade,
Carrego-o aceso, em fé
e claridade.
1 comentário:
O soneto “Levo na mão o meu coração” propõe uma imagem poética de extrema vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, de imensa força. A pessoa poética não esconde os sentimentos, mas antes os expõe ao mundo, como quem carrega um objeto precioso – embora frágil – nas mãos. Assim, o coração é apresentado ora como lume ora como rosa, oscilando entre a chama resistente e a delicadeza de uma flor.
Nos dois primeiros quartetos, o eu lírico manifesta o peso e a preciosidade de carregar o próprio coração nas mãos, sublinhando a coragem de se expor, de não ocultar emoções nem proteger-se com armaduras emocionais. Na metáfora do lume, há uma alusão à chama interior: a paixão, o desejo, a esperança, mas também à fragilidade diante do vento e da incerteza. Já no uso da “rosa aberta”, a ideia de entrega e de disponibilidade ao mundo, aos encontros, às alegrias e aos sofrimentos.
Enviar um comentário