Às margens do Mondego
Ao romper da alvorada,
no nevoeiro leve,
Deslizam figuras pelo
rio sagrado,
Lenços brancos na
cabeça, saias já gastas,
Mãos calejadas, olhos
de fado.
Lá vão as lavadeiras,
destemidas e firmes,
Com risos e cantigas a
ecoar pelo ar,
Entre pedras e espuma,
entre segredos e águas,
Lavam memórias que a
corrente vai levar.
O Mondego reflete as
histórias contadas
Por cada peça torcida
sob o sol a brilhar,
Suspiros de amores,
promessas guardadas,
Esperanças lançadas num
simples olhar.
Cada bata batida é um
verso escondido,
Cada sabão, um sonho a
escorrer;
Na dança das águas, no
cheiro do linho,
O tempo esquece-se de
correr.
Quando o dia se despede
e o vento amansa,
Recolhem as lavadeiras
o que é do seu labor,
Deixando nas margens
poemas de esperança,
Tecidos na espuma com
mãos de amor.
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