Quando
a Criança Parte e a Velhice Vence
Poema
sobre o tempo e a passagem da vida
Quando a criança parte,
Leva consigo o riso fácil,
O brilho leve das manhãs,
O cheiro doce da inocência
Que dançava no ar.
Quando a criança parte,
A casa silencia por dentro,
Os brinquedos repousam,
A esperança, inquieta, relê
Os desenhos nas paredes.
E então a velhice avança,
Pé ante pé, sem pressa,
Trazendo rugas de memórias,
E um cansaço que se aconchega
No sofá da sala vazia.
A velhice vence não por força,
Mas por constância:
É a noite que sucede mil crepúsculos,
É o eco de vozes distantes
Que já não cabem no corpo frágil.
E no espelho, restam janelas
Para um tempo onde tudo era começo,
Mas o olhar, ainda que cansado,
Agradece à criança que partiu
Por ter ensinado a sonhar.
Porque a velhice só vence
Quando aceita no coração
Que a criança partiu,
Mas deixou rastro de luz
Para iluminar o caminho da solidão.
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