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sábado, 23 de julho de 2022

Música aos domingos.

 

Música aos domingos.

 

Coloco palavras sentidas neste papel que me alimenta

Com formas cores e muitos sons misturados ao vento

Depois fecho os olhos e recordo a tristeza sonolenta

Crianças com sorriso e o seu olhar de desalento

 

E nestas cordas da minha viola dedilho uns sons

Que por muito maus que sejam são o meu alimento

Destas palavras bravas com sabor e alguns tons

Dos momentos que vivemos em pleno sofrimento

 

Ali mesmo ao nosso lado do outro lado do muro

Esse fogo que se alimenta da cobardia dos homens

Ao longe foge a criança perdida no seu murmuro

Não sabe para onde ir e tem medo dos lobisomens

 

É nesse olhar inquietante que reluz para nós

A mistura do medo da tristeza e da procura

De uma mão que lhe ensine a fugir do albatroz

Esvoaçando com fome esperando a captura

 

O sol se esvaia entre fumo e nuvens negras

Deixando para trás estes sorrisos perdidos no ar

O Homem esse continua a desgraça e sem regras

Destruindo o mundo dos seus sonhos e o seu lar

 

Esperança essa que tarda tanto em chegar

Dinheiros entram nem sabemos para onde vão

Salve-se quem o pode com sacrifício o apanhar

Porque tudo o mais é sorte e pura ilusão


domingo, 10 de julho de 2022

Cravos Caídos

 


Criei uma flor nos meus sonhos sem odor

Queria que fosse minha neste mundo em fogo

Em que ninguém hoje em dia tem pudor

De desbaratar os milhões com o seu amigo

 

Lá fora a pobreza aumenta dia após dia

A fome volta a casa sem pedir licença

A mãe já não tem leite por covardia

Dum governo que nem nos trata na doença

 

São sonhos perdidos de muitos anos

Em que a liberdade tardava em chegar

Ministros e secretários muito levianos

E nós nem os podemos denegar

 

Somos dos últimos da Europa

E daqui não vamos sair

Talvez quem saiba se volta a tropa

Para nos livrar destes de decair

 

Lágrimas sonhos e os afetos

Partem sem querer mais voltar

O que vai ser dos nossos netos

Se nem vontade temos de lutar

O assobio do vento que passa

  O vento que lá fora assobia Não traz nada simplesmente frio No beiral aconchega-se uma cotovia De asa de lado estará ferida A cria...