Música aos domingos.
Coloco palavras sentidas neste papel que me alimenta
Com formas cores e muitos sons misturados ao vento
Depois fecho os olhos e recordo a tristeza sonolenta
Crianças com sorriso e o seu olhar de
desalento
E nestas cordas da minha viola dedilho uns sons
Que por muito maus que sejam são o meu alimento
Destas palavras bravas com sabor e alguns tons
Dos momentos que vivemos em pleno sofrimento
Ali mesmo ao nosso lado do outro lado do muro
Esse fogo que se alimenta da cobardia dos homens
Ao longe foge a criança perdida no seu murmuro
Não sabe para onde ir e tem medo dos lobisomens
É nesse olhar inquietante que reluz para nós
A mistura do medo da tristeza e da procura
De uma mão que lhe ensine a fugir do albatroz
Esvoaçando com fome esperando a captura
O sol se esvaia entre fumo e nuvens negras
Deixando para trás estes sorrisos perdidos no ar
O Homem esse continua a desgraça e sem regras
Destruindo o mundo dos seus sonhos e o seu lar
Esperança essa que tarda tanto em chegar
Dinheiros entram nem sabemos para onde vão
Salve-se quem o pode com sacrifício o apanhar
Porque tudo o mais é sorte e pura ilusão