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quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Despedida de Quarteira

Despedida de Quarteira



Deixo-te, Quarteira, com o coração cheio,
o mar ainda ecoa nas conchas do meu peito,
as ondas que embalam segredos antigos
ficam gravadas no silêncio do areal.

As gaivotas riscam o céu azul sem fim,
e o sol, que se deita devagar sobre o mar,
pinta de ouro a memória dos dias,
como se nunca quisesse apagar-se.

Levo comigo o cheiro a maresia,
o calor das tardes lentas,
o riso leve das crianças,
as ruas onde o tempo se esquece de passar.

Despeço-me, mas não parto por completo:
em cada passo fica um rastro de saudade,
em cada olhar, o desejo de voltar.
Quarteira, guardas-me sempre um lugar.

sábado, 9 de agosto de 2025

Poema sobre o Sofrimento Humano

 


A travessia da dor entre sombra e esperança

Primeiro ato: O nascimento do sofrimento

No princípio, a vida surge envolta em mistério,

Na face do ser, o traço frágil do tempo.

Do ventre ao mundo, o choro é já presságio

De uma trilha feita de incerteza e de vento.

Desde o primeiro olhar à luz, há dúvidas

Que se espalham pelo corpo e pela mente,

Como rios que nunca cessam o seu fluxo,

Como nuvens que encobrem o sol nascente.

O sofrimento humano não tem hora marcada,

Vem sutil, como névoa sobre a madrugada,

Ou irrompe como tempestade inesperada,

Arrancando raízes e lares, sem nada avisar.

É a ausência, é o medo, é o vazio no peito,

É o grito abafado, a lágrima sem respeito,

É o silêncio que ecoa, intransponível leito

Onde naufraga a esperança sem jeito.

Segundo ato: A multiplicidade da dor

Cada indivíduo carrega o seu fardo secreto,

A dor se veste de mil formas, mil nomes,

Vai do lamento sussurrado ao pranto discreto,

À angústia que nunca encontra onde se esconde.

Há quem sofra no corpo, e quem sofra na alma,

Há dores que se arrastam por anos sem calma,

Há perdas que dilaceram, há culpas que inflamam,

Há sonhos despedaçados que nunca mais se embalam.

O sofrimento das multidões, estampado nos rostos,

É o retrato de guerras, de fome, de exílio,

É o peso dos muros, das cercas, dos postos,

É o abandono, o desprezo, o desabrigo.

Há quem tema o futuro, quem se prenda ao passado,

Quem se perca no labirinto do presente,

Quem busque por sentido, por abrigo sagrado,

Quem só encontre o frio de um mundo indiferente.

Terceiro ato: O ciclo do sofrimento

A dor é ancestral, percorre séculos e eras,

Constrói monumentos, destrói pontes, acende feras.

É filha da perda, irmã do medo e da espera,

Companheira fiel das horas mais severas.

Em tempos de peste, a humanidade estremecida,

Viu nos olhos da morte a sua própria ferida,

E no seio da dor, buscou guarida,

Até que o tempo, lento, curasse cada vida.

O sofrimento é também poesia, é arte que se gera,

É a canção do exílio, é o quadro de uma era,

É o verso tímido, a mão que desespera,

É palavra que consola, mesmo quando impera.

Quarto ato: Resistência e esperança

Mas por entre ruínas, brota a promessa:

Mesmo quando tudo parece perdido, há quem persista.

A dor ensina — à força, à coragem, à nobreza,

A cada queda, há um recomeço à vista.

No olhar de quem sofre, um brilho resiste,

A esperança é semente que nunca se extingue.

Por entre lágrimas, alguém insiste

Em plantar amanhã onde o hoje não distingue.

O sofrimento une os que na vida tropeçam,

É ponte invisível sobre abismos profundos.

Em cada gesto de empatia, os corações se aquecem,

Fazendo do humano o mais belo dos mundos.

Quinto ato: A travessia

A jornada é longa, a estrada é incerta,

O sofrimento é sombra, mas também é lanterna.

Ele ilumina o caminho de quem desperta

Para o valor da vida, à margem da caverna.

Em cada história narrada, em cada rosto marcado,

Há uma lição que se desenha, um destino traçado.

O sofrimento humano é um livro inacabado,

Em cujas páginas há dor, mas também há abraço.

Os poetas cantam o sofrer

Não por deleite, mas por entender

Que na dor se revela o ser,

E na superação, o renascer.

Sexto ato: O eco da humanidade

Quando o sofrimento se alastra pelo mundo,

É preciso escutar seu eco mais profundo.

Nas ruas, nos campos, nos céus sem fundo,

Há vozes que clamam por um segundo.

Que seja de consolo, de presença, de abrigo,

Que seja de compaixão, de partilha, de amizade.

Que não se ignore o que está contigo,

Que não se negue o valor da dignidade.

A grandeza da humanidade está em não negar

Que todos sofrem, que todos querem amar.

Que há beleza em tentar aliviar

O peso do outro, o medo de naufragar.

Sétimo ato: O sofrimento e a esperança

Por fim, que se saiba: o sofrer não é o fim,

É passagem, é gesto, é busca por jardim.

No terreno árido, cresce o capim,

E onde há dor, há também clarim.

O sofrimento humano é chama e é luz,

É sombra que ensina, é estrada que conduz

A um amanhã onde tudo reluz,

E o coração, enfim, se traduz.

·        Que a dor seja ponte para a empatia,

·        Que o sofrimento se transforme em poesia,

·        Que a humanidade encontre harmonia,

·        Na travessia entre a sombra e a alegria.

E assim, a jornada continua, entre lágrimas e sorrisos — pois todo sofrimento é também oportunidade de revelar a grandeza oculta no ser humano.

terça-feira, 22 de julho de 2025

HORA DA PARTIDA

 

Reflexão sobre a Partida

O tema da partida é universal e atravessa culturas, línguas e séculos. Seja uma despedida breve entre amigos, a separação de familiares por longos períodos, ou o adeus definitivo, há sempre um misto de tristeza, esperança e renovação. No soneto acima, a “hora da partida” é simbolizada por uma brisa e pelo silêncio, elementos que marcam o início do afastamento e o peso de não saber o que virá. O eu lírico sente a ausência antes mesmo do último olhar, e o tempo torna-se um confidente silencioso do que fica por dizer.

A despedida, muitas vezes, revela aquilo que não foi dito e o que permanece por sentir. O vento, que embala e leva, é também metáfora do destino que conduz cada pessoa por caminhos diferentes. No peito, a esperança mistura-se ao medo, pois partir é lançar-se ao desconhecido, ainda que carregando memórias e promessas.

O Significado do Abraço na Despedida

O abraço, simples gesto de afeto, ganha significado especial no momento da partida. Não é apenas um toque, mas a tentativa de prolongar a presença, de suspender o tempo entre o agora e o depois. Cada abraço contém uma promessa de reencontro e traz consigo pedaços de esperança, sonhos e também a inevitável dor do afastamento. A noite, símbolo do término e do mistério, envolve esse instante de transição, fazendo do chão, do porto de saída, um lugar de expectativa e saudade.

A Memória após a Partida

O último verso do soneto celebra a memória como força vital que supera a separação física. Mesmo após a despedida, o que foi vivido permanece, florescendo em lembranças e fortalecendo vínculos invisíveis. A memória é a semente da saudade, mas também o solo fértil onde brota a coragem de seguir em frente.

Partida e Renovação

Na ausência, nasce a possibilidade de reinvenção pessoal. Cada partida, por mais dolorosa, encerra em si a oportunidade de crescimento, de autoconhecimento e de descoberta de novos horizontes. O adeus pode ser o início de um novo ciclo, em que o passado alimenta o presente e prepara o futuro.

·        A partida ensina o valor do momento presente.

·        Despedidas fazem aflorar emoções genuínas e profundas.

·        O reencontro, quando possível, é ainda mais celebrado.

·        Memórias partilhadas tornam-se tesouros preciosos.

Conclusão

A “hora da partida” é, antes de tudo, uma celebração daquilo que se viveu. Por mais que o tempo avance e as distâncias cresçam, o que permanece é o afeto partilhado, a esperança do reencontro e a força silenciosa da memória. Assim, mesmo nas despedidas, floresce o humano desejo de eternizar aquilo que amamos.

 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Esperando por ti...


Corre pela estrada com o vento
Que teima em chegar e ouvir os sons da vida
Dessa que um dia julgamos que não partia
Que dentro de nós unicamente assobia
Vida de um pobre que deseja partir
Partir sem saber para onde ir
Mas tendo dentro de si o dia
Aquele que nunca pensou que chegaria
Dentro de mim a raiva do tempo
Cerro os meus olhos para deixar de ver as palavras
Que escrevo sem as olhar
É um credo sem fé
A fome que vai voltar
Nasceu e de manhã o seu despertar
Dá-me vida que vida se leva quando se vida tem
Pela mão se carrega sem ter perdão
Um mão cheia de nada e cheia de vida
Os sinos tento ouvir pela janela do teu quarto
Pelo auricular que nos une na semana
E o percorrer da calçada despida de amor
Até há  hora de chegada à cama
Todos deitados e eu olhando o mundo
O desemprego e aquele defunto que resolveu partir
Não por vontade própria mas para não sorrir
As cores essas se transformam de vivas em mortas
E essas portas altas de tua casa se fecham
No parapeito a avezinha coitadinha morta
E eu aqui deitado sonhando contigo cheio de frio
Não estou quentinho neste quarto aconchegadinho
Mas por dentro tenho frio esse que não se vê
E que tanto mal nos pode fazer se continua assim
Gelado e bem frio
É terça feira tanta distancia tanta ganancia de te ver
Foi há muito tempo que partistes ontem como se fossem meses
Sinto-me triste sinto a escorrer pela face gelada entre rugas da vida desgraçada
A lágrima do contentamento que me descobre ou que me encobre
Faço força essa que demostro na presença e que desaparece na solidão
Como sinto esta cama enorme e a falta da tua mão
Como diria o poeta, "na tua pele navego na tua pele me encanto"
Mas os meus olhos não me deixam escrever mais pelo calor que sinto a correr
É tão próprio é tanto do nosso ser e ali ao lado eles descansam
como é bom vê-los adormecer

Poema ao Mar

  Poema ao Mar Mar imenso, voz antiga, que embala sonhos e segredos, teu azul canta à deriva nas marés dos meus enredos. Ondas vão, ond...