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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Revolta....



Um choro de criança no regaço de sua mãe
Uma ferida de dentro que se solta a cada momento
Um olhar embebido numa lágrima de sangue
Um sonho perdido na manhã enevoada
Um grito

Deixamos para trás as nossas memórias
Os amigos do peito e muito mais
Pelo caminho recordam-se as vitórias
Os gritos de felicidade e alguns ais

Perguntamos a nós mesmo porque aconteceu
Porque deixamos estes políticos roubar tanto
Deixaram-nos limpos como o céu
E a dormir sob estrelas com um manto

A guerra vai chegar pela cala da noite
O sangue jorrará por entre dedos
E todos os que mexem levam acoites
E muitos fogem com os segredos

Despiram-me dos trapos
Até da memória
Vamos gritar até à vitória

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A Terra dos "Olés"



Escuto fado, seja triste, a minha sorte.
Nem os números admiram, está perto a morte.
Bem-vindo a casa de muitos olés,
Coincidência no género, são sempre os mesmos,
Ali mesmo ao pé do Stº André.

“Povo que lavas no rio
E que tanhas com teu machado
As tábuas do meu caixão”

Sejam dos que entram sem bater
Ou dos convidados dos sorrisos
A morte chega devagar e silenciosa
Construindo casas de dois pisos
Com sete de terra fria e sem dor
Que não seja pelo ardor
Do “matraquilhar” pela manhã
Contudo desligado para não incomodar
E o cansaço, pela noite, que se liga lá para seis
Descalço pelo corredor sem fazer barulho
E mais olés seja de barro ou de ferro
O que interessa?
Não é o olhar de desprezo
Simplesmente o sossego
Que se alimenta escondido
Nas janelas de pau, forjadas de ferro.
Depois de se apagar quase tudo
Deixa-se um rasto para continuar
E assim se viver a ilusão
Que tudo segue o seu destino
Tudo segue com razão

Aromas de urze e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.
Povo, povo, eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida não.”


segunda-feira, 21 de maio de 2012

Aperto...



Correr sobre pedras escaldadas
De sorrisos perdidos no tempo
Fazer por vezes outras escaladas
E sentir em todo o corpo este vento

Não quero
Não desejo perder este amor
Não quero
Não ficarei mais aqui sem sabor

A distância ofusca os pensamentos
Que por muito lindos que sejam
Sentem-se por dentro oprimidos
E os meus olhos que flamejam

Partes por estradas por ti choradas
Deixas para trás em sobressalto
Mas nunca gostamos das tuas abaladas
Semanas que são meses de assalto

Um coro de choros pela noite dentro
Gemidos que terminam no cansaço
A felicidade do nosso reencontro
E a força deste nosso abraço

São contas e algumas histórias
Que ao serão juntos lidamos
Muitas vezes são revolucionárias
Outras vezes as traquejamos

Chega a hora da cara no quadrado
Que nos aproxima a hora certa
Que com um rosto um pouco molhado
Dizemos adeus e o coração aperta

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Olhar na distancia.


http://3.bp.blogspot.com/-PF6axP9tbtk/Ta7IUym75TI/AAAAAAAAAeM/z1-anPOZ-yk/s1600/amar-a-distancia.jpg
Vencer o olhar da madrugada
Esquecendo a noite tão fria
Dentro do coração embrulhada
A mensagem que eu não via

Sonho com o teu calor
Com o teu respirar tranquilo
Posso dizer que até sinto dor
Pela  janela até vejo um esquilo

O ruído aproxima-se e trás uma bola de fogo
O animal esquiva-se para outras paragens
E no firmamento fica o desafogo
Da tua vinda para estas aragens

Que lonjura
Que saudades
Que alegria das tardes calmas

quarta-feira, 18 de abril de 2012

"Viver"



Quero viver outra vez
Deixar para trás tudo o que me apoquenta
Partir pela estrada despida de gente
E sentir na minha cara a brisa da manhã
O frio esse que me desperta
E a tua mão na minha mão
À nossa frente as crianças
Que num saltitar até parece
Que a vida começa mesmo ali
Parto e nada deixo para trás
Levo comigo a saudade
Essa que nunca partirá
De te ter visto partir tão cedo
E por momentos até senti medo
Mas não sempre me ensinas-te
Olhar em frente passo a passo
Como sempre fiz
Olho para sala e vejo-te no lugar de topo
De cabelos brancos palavras sábias
Tanta falta me fazes
Naquilo que não dizias e que eu via
Naquilo que transmitias e eu sentia
Foram tardes e noites de conversas amenas
Que afinal recuperamos passados tantos anos
E foi essa distancia que nos aproximou
E que eu senti o Amor que Deus me levou

Dormitar....



Este frio que demora a partir
Pela madrugada dentro
Cerro os meus olhos para sentir
O bater do coração e me concentro
Num ponto no infinito
Mesmo cá dentro
Sem desalento
O meu dormir
Do outro lado bem abafado
Ele dorme sossegado
Sinto o respirar
E por vezes o seu leve sonhar
E mais além do lado de lá da porta
Uma luz de presença quase não se nota
Mas ele lá esta entre mantas escondido
Nem se dá por ele de tão embrulhado
Naquelas mantas que o deixam sossegado
O dia esse tarda em chegar
Com o fim de semana que passa a correr
E a espera é longa é o nosso viver
Sempre perto e tão longe
Nem dá tempo para sofrer
Afinal neste País que se afunda
Nem o melhor timoneiro
Poderia atracar aqui o seu veleiro
Mandam-nos partir ou talvez sumir
Fazem da nossa terra uma coutada
E tiram-nos a nossa Liberdade

Palavras...



Um verso sem rima
Com cor e um pouco de dor
Um verso sem alma
Com sabor e odor
Palavras que se juntam em manifestação
Que falam de tudo e de  nada
Até dizem que não há coração
Perdem-se com chuva ou com sol
Em estradas inclinadas outras rectas e sem fim
Riem-se umas das outras e até choram
Quando sentem a dor de não ter sabor
São palavras e nada mais
São sonhos que não se concretizaram
Contos de outros tempos que findaram
Palavras nada mais do que isso

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Comboio em andamento



Longe os tempos da tempestade
Momentos que juntos vivemos
Viveremos pela simplicidade
Da vida que ambos queremos
Chorai agora que posso partir
Cerrando eles próprio para dormir
Chorai entre lágrimas salgadas
Entre lamentos perdidos
Entre ais e sofrimentos sofridos
Mas esse teu olhar doce
Ou diria antes agridoce
Que me deixa sentir
A brisa que paira no ar
O fumo que se transforma neblina
O perfume que sinto nas narinas
Olha-me e deixa-me sonhar
Um sonho que tarda em chegar
De paz dentro de mim
De momentos sem fim
E tudo treme na passagem
Mesmo que fosse para outra margem
Sobre um rio que conhecemos
Que tantas e tantas vezes percorremos
De olhares distantes pelo tempo
De miragens
Pois é a vida essa que nos persegue
E que nos acorda deste sonho
Dizendo-nos que afinal
Somos mortais como tantos outros
Que na penumbra dum quarto fechado
Sentem na própria pele a fome o frio e a desgraça
Essa mesmo sem graça
Que nos bateu à porta
Quando estávamos de viagem
Para lado de lá onde o Chico toca
E o gemido da sua guitarra
Nos deixar voltar a sonhar
Como alma sentida desta vez contraída
De vaidade do que se tem e não tem

O assobio do vento que passa

  O vento que lá fora assobia Não traz nada simplesmente frio No beiral aconchega-se uma cotovia De asa de lado estará ferida A cria...