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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Momentos



São sons perdidos
Cata-ventos
De moinhos partidos
Dores embaladas em sereias
Areias
Meninos risonhos
De olhar molhado
Brincando nas areias
Fazendo castelos
Com várias ameias
Sol
Que queima o meu corpo
Sem contemplações
Sinto-me morto
De vestes e palavras
Mas não de emoções
Vento
Agonia de um só dia
De velas içadas
Terras despedaçadas
De tormentos e agonia
De gritos
Sem liberdade
Abafados pelo tempo
Infeliz do momento
Que sofre a bem sofrer
Numa casa desabitada
Na rua ao relento
E só

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Viagem

 
ZAMORA

Nas paredes da minha casa o branco predomina
Pelas brechas das persianas os raios iluminam o chão
Criando raias douradas e negras como auto-estrada
Mais certas do que as suas contas e sem ilusão

Ao meu lado a escrivaninha onde passo horas sem fim
Nem o pó assenta do uso que lhe dou
Uma folha da mesma cor onde sobressai a tinta negra
Deixada a meio do pensamento
Tudo me dói por dentro deste meu alento
Lá fora nada acontece e tudo amolece
Gentes sem ilusões tão pouco com paixões
Deste Portugal arruinado de convicções
E de tantos e tantos aldrabões
Quero continuar a sonhar com a minha caneta preta
E lentamente volto à escrita sempre preta
Um pouco enviesada e lenta
Escrever o que me vai na alma as alegrias
Para fugir a tantas agonias
Escrevo aos meus filhos dos meus sonhos de outrora
Como percorri este mundo tão belo
Que destruíram tão cedo nesta aurora
Mas escrevo com esta tinta negra na folha branca
E o sorriso entrou no passado e voou
Filhos sem saber o amanhã
Nem tão pouco se irão ler
Mas escrevo com o coração de quem vos ama
E neste Portugal profundo nesta descoberta
De novas gentes de outros sabores sinto dor
Mas vou escrevendo
Para os distantes o tempo que nos separou
Aos presentes o dia de amanhã
Mas cabem todos dentro deste pequeno coração
Que estará aqui sempre estendo a mão

Recordo a minha primeira grande viagem de comboio
Era um sonho sobre carris de mochila e com tempo
Levava na bagagem uma mão cheia de nada
Na outra a esperança do conhecimento
Ao passar a fronteira de passaporte era livre
O vento que desejava comer na janela
Mostrava-me pela primeira vez o outro mundo
Jovens de todas as raças de todas as cores
Misturavam-se nos corredores
A música era disforme conforme o compartimento
As alegrias transbordavam nos sorrisos
Em comum as mochilas
Ficaria conhecido como o corredor da pera

Nota: A viagem descrita aconteceu em 1979 de Zamora a Lérida (Lleida). Foram as férias escolares mais longas que terminaram em 1982 precisamente no dia 10 de Maio quando entrei para fileiras da Força Aérea Portuguesa.

O assobio do vento que passa

  O vento que lá fora assobia Não traz nada simplesmente frio No beiral aconchega-se uma cotovia De asa de lado estará ferida A cria...