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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Canção aos meus filhos… LAFGF

Filhotes voces que estão desse lado

Que um dia vão ler o que vos deixo

Não tenhais medo estarei já selado

Já não vou estar cá e não me queixo

Podem sempre falar comigo

Dizer-me o vosso segredo

Mesmo juntinho do meu ouvido

Pois estou já surdinho

E ver já me custa

Tem de vir de mansinho

Olha o tempo está a justa

Levo comigo as palavras

Gravadas no coração

LAFGF estarão ali a mão

Nessa altura deitado

E vocês todos ao meu lado

Tu ai ó mais velho

Olha pelos teus irmãos

Poderia dar-te um conselho

Nunca larguem as vossas mãos

Pirilampo

Quero tanto ficar sem medo

Tanto como é o meu segredo

Que me levanto bem cedo

Escrevendo o meu próprio enredo

O vento

A tempestade da sentença

O alento

De um braço com crença

O abatimento

Da criança à nascença

Tudo isto me vem à mente

No corrupio avassalador

Que até por vezes fico doente

E sinto uma forte dor

A dor

Junto do arvoredo

O fervor

Que me levam ao degredo

O apedrejado

Que fico sem medo

A terra que vê a sua semente

Crescer nos trilhos do campo

Por onde passa a gente

E de noite vagueia um pirilampo

Fado I



Um olhar perdido no tempo
Canção que faz chorar uma guitarra
Por vezes são puros os demais lamentos
Como a canção de uma pobre cigarra

No dedilhar pelas cordas firmes
Um olhar que não se vê nada
Contam-se histórias e alguns crimes
Da nossa sociedade abalada

E nas vielas tão encardidas
Dos passos que por lá vão
Já foram tantas as mordidas
Dos mosquitos pela solidão

E passo a passo desço a calçada
Em tom apressado com medo do som
Ouve-se o trinar da guitarra
E uma voz rouca que lhe dá tom

Fico na espreita na esquina do lado
Nem sei se entre na sala da vela
Á porta um Homem parece soldado
Que namorisca a sopeira à janela

Estende a roupa com sorriso matreiro
Deixa cair algo que logo corre apanhar
Na janela tem um grande letreiro
Precisa-se de mulher para trabalhar

Casa solarenga de brasão nas costas
Vidros quadrados de muitas cores
Sai a senhora toda bem composta
Vai ouvir Fado e sentir os sabores

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Vento ...

O vento não é todo igual

Uns mais quentes que outros

Todos eles por um desigual

Que se vê mesmo na nossa frente

Trás chuva granizo e frio

E até um pouco de medo

Muitas vezes parece um trio

De tanto dar e vir em segredo

Quem quiser um dia voar

Basta para isso fechar os olhos

E deixar-se levar

Por entre estes restolhos

Um zunido que é bom de se ouvir

O bater da porta mal fechada

A janela que tarda em sair

Depois é o fim logo pela madrugada

Toca o telefone ou mesmo o despertador

São horas de se por ao caminho

Mais um dia de muito calor

Quem bem sabia um ventinho

Entro no carro e olho para copas

Abanam num bom abanar

A manga direita vê lá se topas

Vai é mesmo devagar

quinta-feira, 15 de abril de 2010

PAI...




Esse teu olhar percorre o tempo
Desde que eu menino me sentia
Agora cabelos brancos voam ao vento
E pedem saúde para todo o dia

Como falam eles no seu piscar
Palavras com amor sem retorno
O que transmitem num simples olhar
A vida de trabalho agora mais morno

Caminhas todos os dias sem parar
A tua meta ainda não está à vista
Essas feridas vão decerto sarar
Vamos de novo correr na pista

Anos e anos de trabalho espinhoso
Muitas vezes com alguns encontrões
Mas sempre foste muito engenhoso
Que se lixem os aldrabões

A vida será sempre um filme belo
Contada de várias maneiras
Dependendo muito do elo
Que se queira dar nas fileiras

Rosto marcado pelo Prec e pela vida
Olhar amargurado pelos perdidos
A vida terá sempre uma só ida
Agora não nos vamos ficar ofendidos

Escolhemos as nossas carreiras
Não nos afastemos do essencial
Viver sempre de boas maneiras
Foste sempre um Pai bestial

quarta-feira, 14 de abril de 2010

MÃE...



Mãe

Hoje estou aqui pensando em ti
Sacrifícios porque passas-te sem mim
Mas estou bem presente no momento
E sinto a tua falta isso sim

Não te peço não o faço
Não partas sem me dizer nada
Mãe
Tenho vontade de chorar
Mas tenho de terminar o que comecei
Sei a dor que te causei
Por isso estou aqui

Não mãe um dia vou estar mais perto
Não sei se aqui ou noutro lado
Mas de uma coisa ficas a saber
Esta é minha forma de o ser
Sou um envelope fechado

Porque não me ligaste
Correndo saltando caminhado
Eu estaria ai perto de ti
Mãe não parta
Sem me dizer nada
E um simples nada
É tudo na vida

Nota: Do teu filho Luiz que te quer muito.
Quem sabe se o vai ler um dia destes. bjjj

Ais...



Cada palavra me fere garganta
Me abafa mas que me deixa escrever
Um latido na viela que se levanta
Mas afinal não pode morder
Um sorriso que tarda em chegar
Mas que o sinto na estrada da vida
Afinal os filhos sorriem sem parar
Nem sentem a dor que deveras sinto
Agarro com força nesta imagem
Que não vou deixar partir ao chegar
Sejam palavras duras sem triagem
Pois só assim as escrevo sem dar
Não corre o rio que vai dar ao mar
A vida é feita de pequenos nadas
Mas corre o sangue sem nunca brotar
E juntos vamos chegar ás rabanadas

terça-feira, 13 de abril de 2010

Sabes a vida é isto mesmo...



Sabes a vida é isto mesmo
Dum lado quem escreve
Do outro quem lê
Nem sempre em sintonia
Das palavras que trazem sons
Dos sons que dão às palavras
Mas sabes é mesmo isto
Escrevo para ti
Sem te ver no momento
Mas sinto dentro de mim
Essa força de vencer
Sem ti não sou nada
Sem ti morro amargurado
Mas sabes ainda não morri
Por isso estou aqui
Bem perto de ti
Sente o meu coração a palpitar
Sim a saltar de alegria
Sempre que penso em ti
Aqui mesmo ao meu lado
Estas presente enfim
Sabes é mesmo assim
Uns lêem
Outros vêem
Outros correm
Outros não tem tempo
Mas eu estou mesmo aqui
Sentindo o teu bater
O teu palpitar
O teu sorriso e o embalar
Desse teu olhar
Que me deixou mesmo aqui

Aos meus Rapazes...



Lá do outro lado por onde o rio corre
Existe muito mais que uma vida
São outros filhos
Esses também nunca morrem
Porque são do sangue da minha vida

Olho bem do alto desta torre
Recordo o caminho da minha ida
Não me vou perder por trilhos
Nem desejo que me enterrem
Desta vida bem atrevida

Mistura de azuis com castanhos
Cinzentos e esverdeados
São de todos os tamanhos
Estes rapazes dos telhados

Nota: Dedico aos meus filhos, LM/AP/FP/GF/FC

Meu dia...



Um dia depois de um outro
Que nem a memória me faz lembrar
Muitas vezes me levanto um pouco torto
Mas a vida um dia me há-de julgar

Olho nos olhos assim pequenino
Levantou com uma só mão
Do outro lado um maiorzinho
Que já sabe levantar-se do chão

Sento-o na mesa a comer
Outro levantou para o vestir
Depois sempre a correr
Desço para os ver partir

quinta-feira, 8 de abril de 2010

As voltas da vida...

O mundo que roda a minha volta
Nas voltas fortes do seu rodar
Abre-se entretanto uma porta
Espero nunca ter de a fechar

Abro o coração para ti
Com minha mão bem estendida
Entrego-te em sangue o que vi
Nunca fiques ofendida

São momentos por vezes tormentos
Mas vamos conseguir ultrapassar
E nunca devemos olhar aos ais

Porque esses serão os sentimentos
Que juntos lhe vamos dar
Sem espinhos e ensinamentos dos nossos pais



Para eles...



Neste lugar onde me olho
Nas cores do meu arco-íris
Poemas e livros desfolho
Olhando o rio e os seus piris

São maçãs rosadas as tuas
Que admiro no seu olhar
Procuro na gaveta as partituras
Que nos levam a sonhar

É diversa a nossa música
Feita de pequenos nadas
Seja fado latino ou clássica
Terão de ser é bem sonorizadas

Encostados olhando as crianças
Deixando livres e a brincar
Um dá pulos outro com diferenças
Porque ainda não sabe andar

Como são lindos estes nossos filhos
Onde se sentem bem ao pé de nós
Sabem que por aqui não vai haver sarilhos
E hás Berlengas iremos um dia ver os albatroz

Voa menino homem
Que o teu sonhar é ser piloto
Voa com asas que te consomem
Os sonhos meu dorminhoco

Olha pelo teu irmão
Serás o guião da sua vida
És amigo por isso dá-lhe a mão
E tua mãe fica de veras comovida

É no olhar que nos sentimos bem
No amparar do dia de amanhã
No seu caminhar sem desdém
E amigos numa noite sã

Filhos olhem que em breve vou partir
Deixo-vos juntos para vencerem
Mas por nunca devem sentir
Que vos deixo sós e sem aprender

A vida tem destes males
Que não podemos dar a volta
Não vos trato por desiguales
Podem sempre bater à minha porta

Amanhecer hoje...




Distância do pensamento dos braços
Dos dedos de uma mão cheia de nada
Necessitando de muitos abraços
Dos nós da vida que nos abana

Na constante mutação dos deuses
Que rogamos sem conhecer
Deixando para trás o sol dos pobres
No frio da morte de um pequeno ser

Mãos calejadas da pedra fria
Calças arremessadas do tempo
A névoa que vai sobre a ria
De mansinho pela cidade dentro

Pregões ouvem-se ao longe
Na lota a venda contínua
Um dia ainda serei monge
Deste dia que a noite é sua

Mostra entretanto os seus clarões
Desta manhã que despertei
Vermelhos rosados sem empurrões
Um beijo amanhã lhe darei

Leveza



Ouço muitas canções de embalar
Com acordes de boas melodias
Que me apetece seguir e sonhar
E fixar nos teus olhos todos os dias
Descendo degraus dois a dois
Na pressa de querer voltar
Para junto de quem amo
Antes da noite chegar

sábado, 3 de abril de 2010

É a verdade...



Manhã fria
Como todos os dias acontecia
Um copo de café
Ali mesmo junto da chaminé
Uma torrada
Com a porta fechada
Que ninguém ouvisse
E se risse
Manha tão fria
Já eu não via
O voo da cotovia
Ali mesmo em pleno dia
Um grito abafado
Amargurado
Que vivia ali mesmo ao meu lado
Teima em não partir
Esse grito
Para que possa amar
Descansado
Mesmo ao seu lado
Como homem amado
Ter família
E adormecer
Fechar os olhos e acontecer
Não quero partir nem deixar te ir
Quero isso sim construir
Castelos de fantasia
Sonhos dourados
Mesmo ali os dois bem parados
E sabíamos que nada acontecia
Simplesmente o som dos dorminhocos
Que não tardam a acordar
Esvoaçar pela casa parada
Onde a realidade
É a verdade

O assobio do vento que passa

  O vento que lá fora assobia Não traz nada simplesmente frio No beiral aconchega-se uma cotovia De asa de lado estará ferida A cria...