Correria por entre
prados verdejantes
E uns quantos
amarelados
Não muito distantes
Do outro lado da rua
Com roupa semi-nua
De lantejoulas
pendentes
De curvas já
decadentes
Duma vida dura
Mas sempre pura
Correria entre pensamentos
Doravante instrumentos
De política de
contentamentos
Sem fim feliz à vista
Entretanto na dobra
da esquina
Ali mesmo afinada
Tocava uma viola
Que me entrava no
ouvido
E do outro lado zunia
Era um dedilhar acrobático
Não de um momento sabático
Ou tresloucado
Era simplesmente
Maravilhoso e
adormeci
E na outra vida tinha
asas
Asas brancas enormes
E voava sem fim
Um sonho que perdi
Logo que bateram à
porta
Era o carteiro
Das boas novas
Uma carta com letras
miudinhas
Todas certinhas
E lá dentro
A tristeza de um povo
Que vive para pagar
Sem poder chorar