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sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Ventos gelados...




Fui embora sem dizer nada
Estava frio do outro lado muito frio
Olhei para longe havia neve em camada
O vento esse sentia-se pelo assobio

As flores brancas das amendoeiras
Encostadas ao verde dos castanheiros
Eram as mais belas paisagens das beiras
Mas sempre me faziam lembrar os sobreiros

Água límpida gelada e cheia de bravura
Nestes socalcos graníticos
Como é bom sentir esta frescura
Esquecer por algum tempo os eucaliptos

Sentei-me fitando o horizonte
Uma águia-real lá longe esvoaçava
Procurando a sua presa de monte em monte
Fitou-a já não lhe escapava

Por momentos fechei os olhos e senti a sinfonia
Do vento entre as arvores percorrendo montanhas
Só aqui se perdia a minha ínfima agonia
Dos homens e das suas manhas

O sol flagelava-me sem magoar
Pela distância entre o mar e serra
Que permitia que o meu sonhar
Viria a morrer nesta terra

Pedra sobre pedra
Montanhas que fazem parte do meu País
Onde a liberdade nunca se perdeu
Foi aqui que eu sempre quis

Pertencer no meio de tudo o que ardeu
Terra cinzenta de cheiro queimado
Vozes agonizadas de um povo mal tratado
Risos dos lisboetas entrincheirados

Gritos de revolta e muito irados
Assobio e a montanha responde
Escrevo a agonia do meu peito
Portugal se esqueceu do meu leito

E vou só pela calçada desta ponte
Caio em mim dormindo neste quarto abafado
Numa noite como tantas outras que vive
No trinar duma guitarra e dum fado
Acordo e digo para mim estou vivo

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