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quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

· O meu País

 

Quando abro a janela e vejo o mar revolto

Nuvens negras de raiva

Areia voando em remoinho

E pessoas fugindo do tempo

Esse que me mente constantemente


Na casa da democracia

Quem diria

Este meu País

Que sempre o quis

Me engana

Me destrói

Como caixa esburacada

Onde não fica nada


Vendem tudo o que não têm

E mais alguma coisa que sonham

Para bem da sua família

E tudo o demais é restolho


Olho novamente através da vidraça

Que não me deixa ver a praça

Onde a água vai chegando

Devagar fora do seu leito

Mas a preceito

Limpando o que resta

Pobre povo que acredita

Nos slogans dos trapaceiros

E eu aqui olhando o firmamento

Com algum desalento

Pelos meus companheiros


Que não sendo alcaides

Nem tendo pinheiros

São fazedores de contos

Viajando nos sonhos

Nas almas perdidas

Que estavam bem definidas

Quando crianças


Era noite

As luzes se acendiam lentamente

O candeeiro a petróleo

Tomava conta da sala

E lá longe ouvia-se o sino a tocar

Dava as horas certas e outras tantas

Entre meio


Na cama de penas me escondia

Onde ninguém me via

No alto do meu castelo

Bem perto do fontenário

Levava a bilha à cabeça e pela mão

Me segurava

E mais dois dedos de conversa

Ali estava


Era o jornal do dia

Por momentos tudo sorria

Voltávamos a casa

E com púcara de barro

Eu bebia essa água

Que ainda estava fria


Arregaçava as calças

Descalçava os sapatos

E corria

Em direção aos amigos

Que brincávamos todos os dias

Faça sol faça frio


Com canas e velas

Apanhávamos morcegos

E terminava o dia

Da mesma forma que tinha começado

Quando acordava

Todo tapadinho

Na minha cama de penas

Bem aconchegadinho


Foram tempos

De menino

Que não vão voltar

Por isso continuo a sonhar

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