Podia ter sido tanta
coisa e coisa nenhuma
Os sonhos que ganhei
pela minha liberdade
As estradas que
descobri pela aventura
Memórias que tenho
vivido com a idade
Sorrio aqui sentado no
silêncio da escuridão
E recordo tantas
loucuras sem telemóvel
Outras tantas travessuras
quase caio no chão
Vivi dentro do meu
mundo e longe de tudo
Agora já é tarde, mas
continuou a sonhar
Com o brilho do rio
visto da ponte
Com o cantar da
passarada na alvorada
Ali estava eu encostado
a ver nascer o sol
Sim porque era quase madrugada
Fui quase doutor contei
tantas vezes aquelas escadas
Comi na cantina à beira
da estrada
Dormi aqui e ali sem me
preocupar
Viajei de pé e deitado
nos combóis da noite
Cantei o hino dezenas
de vezes
Voei em caças, helicópteros
e outras aeronaves
Tive bicicleta skate e
outras rodas
Percorri este nosso
Portugal de lés a lés
Centro – Beira – Trás-os-Montes-
Alentejo e Algarve
Quase marinheiro em
dias de agonia
Basquetebol, Badminton,
ping-pong, futebol e pesca
Voleibol em terrenos de
Bombeiros
E visitei outros
Outeiros
Apanha da pera e da
maça
Da vindima à laranja
Da Oliva a plantar
pinheiros
Só faltou mesmo alguns
sobreiros
E aqui estou eu sentado
sorrindo
Para um país preocupado
com as incompatibilidades
Eu diria muitas
habilidades
A luz a subir
O pão a ficar mais caro
A gasolina em flecha
Vamos voltar à vela
Que nos salve a oração
Que anda pelas horas da
amargura
Há que esfregar bem o
chão
Maternidades a fechar
Bancos a roubar
Políticos a zarpar
E a justiça ajudar
Onde vamos parar
Com esta confusão
Com a guerra à porta
E não temos mão
Oferecemos aeronaves que
não voam
Pedimos dinheiro para alguns
Os sinos esses que já
soam
O FMI está aí
Sem bater à porta entra
de roupão
Leva-nos tudo até o
coração
Volto à terra e sorrio
Afinal nada disto é
novo
O filme já passou
Fui quase doutor…
Sem comentários:
Enviar um comentário