Escrevi uma carta que a
fechei numa gaveta
Onde palavras soltas me
vieram à memória
Para alguém um dia a
possa atirar na sarjeta
E assim eu me sentir
nos meus dias de glória
Tentei lembrar-me de
bons momentos
Dessa juventude agitada
adolescência
Que se vive após a
revolução
Do meu coração
No fim do mundo
Frio foi logo o que me
veio à memória
Entre o branco e
calçada escorregadia
Um grito duma senhora em
agonia
Nesse dia de tanta
mudança e alegria
“Aí meu deus rios de
sangue para lados de Lisboa”
E com a mão segurando o
seu lenço
Subia a estrada até lá
arriba ao pé do Cabanelas
Onde outros tantos
vinham ver o que se passava à janela
De pasta na mão
dirigi-me ao Liceu
Segui o trilho de
outros dias
Ali mesmo junto ao
quartel
Onde tudo estava em alvoroço
e escondido
Em trincheiras feitas
na hora
Esperando que alguém
lhes dissesse
Terminou agonia
Ganhamos nem sei bem o
que
Era quinta não houve
aulas
Viemos para praça
gritar
Liberdade
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