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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Sem-Abrigo



Um farol indica-nos o nosso abrigo
Rodeado de gaivotas a voar
Encostado às rochas um sem abrigo
Que deseja unicamente sonhar

Um sonho que se perde no tempo
Uma miragem do seu deserto vazio
Bastava uma sopa para seu alento
Neste dia que se torna tão frio

Puxa o fumo de cigarro meio apagado
Enrosca-se no cobertor de notícias recentes
Quem dirá que um dia será abafado
Pela solidão e por muitas mentes

Ali mesmo ao nosso lado
Como figura transparente
Será envelope selado
Ou uma dor que não se sente

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Vistas para Mar



Olho para lá da vidraça o sol aparece
Aquece o meu corpo a minha alma
Nada mais triste me aborrece
Que tardes quentes nesta calma


Mas tenho em mim a linda visão
Dos três que me esperam lá fora
Depois vamos todos dar a mão
E ver-o-mar a ir-se embora

Pela areia vai correr ele descalço
Em remoinho como pássaro perdido
Olhando para janela no enlaço
De ver um sorriso miudinho

Toma o Norte terra da mãe
Porque de lá vem bom vento
Feliz dos que dizes que tem
Pai mãe avós e alento

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Palavras vazias




Esperar que apareça para não ficar só
Escrever mais rápido para lá da casa
Por vezes até sinto dó
Como um tiro que se dá em plena asa

Dói que dói esta dor sentida
De me encontrar em segundo plano
Mas um dia vai sarar esta ferida
Com a morte coberta com um pano

Sem lamentos nem dores infinitas
Lágrimas que deixam de brotar
Que sinto que são deveras esquisitas
Mas o tempo as levará a sarar


Por vezes dou comigo entre as escritas
Dos dizeres que nada dizem
Algumas palavras proscritas
Como rede no mar a bater

São as bocas do mundo
Defendidas até ao infinito
Um dia vai mesmo ao fundo
Este barco e sem um grito

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Batimento...



Sentir no coração a vida de uma criança
O respirar ofegante de uma caminhada
Depois adormecer sem a lembrança
Do que passou de madrugada

Chegou finalmente a casa consolado
De voltar a ver os seus brinquedos
Com o seu ar imaculado
Dormitou já sem medos

Ambos olhamos pelo sono dele
Sentimos o respirar a voltar
Um banho novo refrescou a pele
E aos seus sonhos voltou

Ali mesmo do outro lado
Embalava o seu irmão
Que com festas e miminho
Me segurava na mão

Por vezes vinha para minha cama
Para se sentir mais seguro
A noite era então calma
Dormia como um pêro maduro

Chegava a manhã e logo saltava
Para o sofá ver a bonecada
Comer isso sim ele demorava
Tudo lhe doía era uma facada

Chá bolachas e desenhos animados
Como eles alimentam a sua alma
Todos nós já fomos mimados
Vamos lá é ter calma

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Vento....que me levas



Vento que sopras na minha cara despida
Deixas ruas amargas perfiladas ao luar
Numa terra onde o rio tem uma só ida
Correndo devagar levando-me ao mar

Cadeiras amontoadas sem dono
Num jardim onde houve em tempo flores
Na porta do hotel um mordomo
Que olha para longe com dores

Será do tempo dos modos ou da vida
Que aquele olhar são serras afiadas
Olho mais longe e vejo-a comovida
Com as flores ali amontoadas

Meu Deus que cego sou de olhos abertos
Que frio tenho nestes momentos
Vou deitar-me que a hora é de apertos
Já nem sinto mais os lamentos

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Lágrima de criança...



O frio que me passa nas veias
Dentro deste quarto semi nu de gente
Lá no fundo por cima de um tubo algumas teias
E seis camas pequeninas cheias de gente

Sorrisos nos dão sem saber o seu mal
O sofrimento que estão a passar
Uns de pé outros a andar tudo é igual
E os pais choram ou ouvi-los chorar

Trocam-se olhares pela sala
Mas ninguém avança um sorriso
Entra o médico abre-se ala
Até vem a dor do siso

Hora da partida e outros ficam
Beijos e abraços levam o frio
Mas em nada modificam
A dor que se leva para junto do rio

Vagueamos na cidade sem rumo
Porque a vontade era de voltar
Vou para o seu quarto ver se o arrumo
Estar lindo quando ele chegar

Meu filho choro lágrimas de alegria
Misturadas com a tristeza de estarmos sós
Por vezes é mesmo agonia
Mas a sorte nunca vem só

(dedico ao nosso filho)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Poder da palavra...



Quem me diz que escrevo bem
Será por amor ou por desdém
Quem diz que o mau sou eu
Será por dor ou um fariseu

Mas não paro nem me deixo intimidar
Sigo um rumo certo olhando o mar
Porque a razão um dia vai voltar
A bater na costa do meu lar

São pequeninos estes meninos
Que um dia vão poder ler
E já em grandes como sabinos
Vão sorrir ao me verem

Olhos molhados de saudade
Mãos inquietas de aventuras
Vou ver crescer pela mocidade
E a seu lado as desventuras

Estarei sempre nesses momentos
Que mais precisam de mão amiga
Ajudando com os meus pensamentos
Contado-lhes o que mais me intriga


quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Sonho ou realidade!!!





Sonho ou realidade
de um Português
que vagueia nas palavras
que se deslumbra no olhar
no mar
na terra
no Infinito onde ficar
no berço de um menino
no colo de sua mãe
Sonho ou realidade
de Outono a passar
Inverno que vai chegar
grito abafado de menino
que cabe na minha mão
olhando para dentro
dentro do coração
(Há três meses)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Aos meus filhos….




Nunca serão demais nem de menos
Uns mais fortes outros assim a assim
Uns iguais e outros diferentes
Mas eles num todo
Estarão bem presentes
Gritam e choram em sintonia
Uns pela bicicleta
Outro pelo biberão
Outros não querem pão
Mas ambos de mãos dadas
Olhamos para eles
Sorrimos por dentro
Porque já passamos
A fase da manteiga com pão
Afinal onde está o irmão
Lá fora a andar de bicicleta
Outro no berço
Outro no chão
Atrás da cadeira
Atrás do armário
Casa cheia
Logo pela madrugada
E assim vai o dia
Nesta casa cheia de vaidade
Afinal que dia é hoje

Traços de cores...





Segui uns traços ao longo de uma folha de papel.
Uns finos, outros grossos, uns mais que outros.
Numa das pontas coloquei um cordel
E de lado vi a tua imagem num dos topos.

Segui os mais grossos e deram num jardim
Verde rosmaninho com cheiro a alecrim.
Teus olhos piscaram perto de mim.
Enfim…enfim!

Depois agarrei-me a um dos finos que se partiu
E lá num fundo já bem sentado,
Mais uma vez, a tua imagem surgiu,
Risonha, bem disposta... fiquei aliviado!

Afinal eras mesmo tu que estavas a segurar os baraços
E deixaste que eu caísse para ficar bem perto,
Bem perto, bem nos teus braços,
Sentido no coração esse aperto.

Quem me dera que tudo não fosse numa folha de papel.
Afinal, escrevo acordado e bem-humorado.
Um dia, possivelmente, esculpirei a tua imagem com cinzel.
Sim! Isso tudo porque estou enamorado.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Enfim...É o querer



É o querer
Poder e sorrir
Sentir e desejar depois sofrer
Pelo que se deseja e não vê chegar
É o querer
Dormir sossegado e acordar
Depois andar pela madrugada
E sorrir por sentir o que deseja ouvir
É querer
E não poder por ser mal entendido
Talvez pelo sentido
O mesmo por ser assim despejado
É o querer que levo nesta vida
Que nada devo mas que o sinto
Na pele no pensamento
No momento
É querer
O sofrimento que vem de dentro
É um lamento sem consentimento
São horas dias sem razão
Que simplesmente me vem ferir o coração
Que mal terá tido
Que tamanho deve ter sido
Para agora cair em mim esta frustração
Será castigo
Será tormento
Enfim … é o meu lamento.

ENTRE MAR...