
Um olhar perdido no tempo
Por vezes são puros os demais lamentos
Como a canção de uma pobre cigarra
No dedilhar pelas cordas firmes
Um olhar que não se vê nada
Contam-se histórias e alguns crimes
Da nossa sociedade abalada
E nas vielas tão encardidas
Dos passos que por lá vão
Já foram tantas as mordidas
Dos mosquitos pela solidão
E passo a passo desço a calçada
Em tom apressado com medo do som
Ouve-se o trinar da guitarra
E uma voz rouca que lhe dá tom
Fico na espreita na esquina do lado
Nem sei se entre na sala da vela
Á porta um Homem parece soldado
Que namorisca a sopeira à janela
Estende a roupa com sorriso matreiro
Deixa cair algo que logo corre apanhar
Na janela tem um grande letreiro
Precisa-se de mulher para trabalhar
Casa solarenga de brasão nas costas
Vidros quadrados de muitas cores
Sai a senhora toda bem composta
Vai ouvir Fado e sentir os sabores
1 comentário:
RETRATOS SAÍDOS DA OBSERVAÇÃO. MUITO BOM, LUÍS!
JINHOS A TODOS. MÃE E AVÓ.
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