Adormeço com o cheiro dos lírios do jardim
Que um dia inventei para ter só para mim
Pois nem jardim tenho nem pequeno quintal
Mas sonho com esse lugar tal e qual
Como desejo sonhar que saberei um dia escrever
Para que ao leres te sintas bem contigo mesmo
E me poderes devolver numa folha de papel
Uma palavra um verso ou um pequeno sorriso
Da janela do meu quarto que também não tenho
É grande claraboia para ver o espaço e as estrelas
Desse firmamento do meu e só meu pensamento
Que um dia sonhei que seria astronauta
Fiquei-me por tocador duma simples flauta
Que nos meus recantos de pausa mirando o mar
Julgava-me tocador encantado da serpente
Essa que vagueava sem parar na minha mente
Cerrava os meus olhos para voltar ao jardim
Sentir novamente esses odores agora de alecrim
Seria Páscoa como eu a recordava desde miúdo
Ouvindo os sinos da igreja lá da aldeia
Muitas vezes ouvi tocar para as carpideiras
Gritarem aos filhos que por lá ficavam
Longe de nós do outro lado do mar em terra alheia
Leva eu com mãos pequeninas a cruz de cristo
Depois de tantos enterrar já nem chorava
Porque as lágrimas essas já secaram
Das amarguras das tristezas e revoltas que não
paravam
De chegar à minha terra natal bem fechada
São imagens da infância que ficaram
E não partem
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