Levo na mão o
meu coração
Soneto inédito
Levo na mão o meu
coração, pulsante,
Como quem traz um lume
em madrugada,
É chama viva, lume
vacilante,
Que arde, resiste, e
nunca é apagada.
No centro breve da
palma, reticente,
Este órgão frágil,
mundo inteiro encerra,
É rosa aberta, é sonho,
é semente
Que se oferece ao risco
e à espera da terra.
Ando no mundo de peito
descoberto,
Coração exposto à
sombra e à ventania,
Cada batida é um gesto,
um verso aberto,
Na transparência rude
do meu dia.
E mesmo quando a noite
é tempestade,
Carrego-o aceso, em fé
e claridade.