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terça-feira, 13 de abril de 2010

Sabes a vida é isto mesmo...



Sabes a vida é isto mesmo
Dum lado quem escreve
Do outro quem lê
Nem sempre em sintonia
Das palavras que trazem sons
Dos sons que dão às palavras
Mas sabes é mesmo isto
Escrevo para ti
Sem te ver no momento
Mas sinto dentro de mim
Essa força de vencer
Sem ti não sou nada
Sem ti morro amargurado
Mas sabes ainda não morri
Por isso estou aqui
Bem perto de ti
Sente o meu coração a palpitar
Sim a saltar de alegria
Sempre que penso em ti
Aqui mesmo ao meu lado
Estas presente enfim
Sabes é mesmo assim
Uns lêem
Outros vêem
Outros correm
Outros não tem tempo
Mas eu estou mesmo aqui
Sentindo o teu bater
O teu palpitar
O teu sorriso e o embalar
Desse teu olhar
Que me deixou mesmo aqui

Aos meus Rapazes...



Lá do outro lado por onde o rio corre
Existe muito mais que uma vida
São outros filhos
Esses também nunca morrem
Porque são do sangue da minha vida

Olho bem do alto desta torre
Recordo o caminho da minha ida
Não me vou perder por trilhos
Nem desejo que me enterrem
Desta vida bem atrevida

Mistura de azuis com castanhos
Cinzentos e esverdeados
São de todos os tamanhos
Estes rapazes dos telhados

Nota: Dedico aos meus filhos, LM/AP/FP/GF/FC

Meu dia...



Um dia depois de um outro
Que nem a memória me faz lembrar
Muitas vezes me levanto um pouco torto
Mas a vida um dia me há-de julgar

Olho nos olhos assim pequenino
Levantou com uma só mão
Do outro lado um maiorzinho
Que já sabe levantar-se do chão

Sento-o na mesa a comer
Outro levantou para o vestir
Depois sempre a correr
Desço para os ver partir

quinta-feira, 8 de abril de 2010

As voltas da vida...

O mundo que roda a minha volta
Nas voltas fortes do seu rodar
Abre-se entretanto uma porta
Espero nunca ter de a fechar

Abro o coração para ti
Com minha mão bem estendida
Entrego-te em sangue o que vi
Nunca fiques ofendida

São momentos por vezes tormentos
Mas vamos conseguir ultrapassar
E nunca devemos olhar aos ais

Porque esses serão os sentimentos
Que juntos lhe vamos dar
Sem espinhos e ensinamentos dos nossos pais



Para eles...



Neste lugar onde me olho
Nas cores do meu arco-íris
Poemas e livros desfolho
Olhando o rio e os seus piris

São maçãs rosadas as tuas
Que admiro no seu olhar
Procuro na gaveta as partituras
Que nos levam a sonhar

É diversa a nossa música
Feita de pequenos nadas
Seja fado latino ou clássica
Terão de ser é bem sonorizadas

Encostados olhando as crianças
Deixando livres e a brincar
Um dá pulos outro com diferenças
Porque ainda não sabe andar

Como são lindos estes nossos filhos
Onde se sentem bem ao pé de nós
Sabem que por aqui não vai haver sarilhos
E hás Berlengas iremos um dia ver os albatroz

Voa menino homem
Que o teu sonhar é ser piloto
Voa com asas que te consomem
Os sonhos meu dorminhoco

Olha pelo teu irmão
Serás o guião da sua vida
És amigo por isso dá-lhe a mão
E tua mãe fica de veras comovida

É no olhar que nos sentimos bem
No amparar do dia de amanhã
No seu caminhar sem desdém
E amigos numa noite sã

Filhos olhem que em breve vou partir
Deixo-vos juntos para vencerem
Mas por nunca devem sentir
Que vos deixo sós e sem aprender

A vida tem destes males
Que não podemos dar a volta
Não vos trato por desiguales
Podem sempre bater à minha porta

Amanhecer hoje...




Distância do pensamento dos braços
Dos dedos de uma mão cheia de nada
Necessitando de muitos abraços
Dos nós da vida que nos abana

Na constante mutação dos deuses
Que rogamos sem conhecer
Deixando para trás o sol dos pobres
No frio da morte de um pequeno ser

Mãos calejadas da pedra fria
Calças arremessadas do tempo
A névoa que vai sobre a ria
De mansinho pela cidade dentro

Pregões ouvem-se ao longe
Na lota a venda contínua
Um dia ainda serei monge
Deste dia que a noite é sua

Mostra entretanto os seus clarões
Desta manhã que despertei
Vermelhos rosados sem empurrões
Um beijo amanhã lhe darei

Leveza



Ouço muitas canções de embalar
Com acordes de boas melodias
Que me apetece seguir e sonhar
E fixar nos teus olhos todos os dias
Descendo degraus dois a dois
Na pressa de querer voltar
Para junto de quem amo
Antes da noite chegar

sábado, 3 de abril de 2010

É a verdade...



Manhã fria
Como todos os dias acontecia
Um copo de café
Ali mesmo junto da chaminé
Uma torrada
Com a porta fechada
Que ninguém ouvisse
E se risse
Manha tão fria
Já eu não via
O voo da cotovia
Ali mesmo em pleno dia
Um grito abafado
Amargurado
Que vivia ali mesmo ao meu lado
Teima em não partir
Esse grito
Para que possa amar
Descansado
Mesmo ao seu lado
Como homem amado
Ter família
E adormecer
Fechar os olhos e acontecer
Não quero partir nem deixar te ir
Quero isso sim construir
Castelos de fantasia
Sonhos dourados
Mesmo ali os dois bem parados
E sabíamos que nada acontecia
Simplesmente o som dos dorminhocos
Que não tardam a acordar
Esvoaçar pela casa parada
Onde a realidade
É a verdade

terça-feira, 16 de março de 2010

Passo a passo...



Corria eu descalço pela rua
Dentro de mim a Liberdade
Sem medos e sem amargura
E uma mão cheia de felicidade

Olhos nos olhos de verdade
Como canções do entardecer
Recordo a minha mocidade
É essa força do meu viver

Balanço na contra dança
Revejo um malmequer
Nem tudo é finança
Mas que ajuda a vencer

A meu lado gente querida
Uns mais velhos do que outros
Todos os caminhos têm uma ida
Só fugir dos mais tortos

Uma vida uma alma um olhar
O estremecer no despertar
Um sorriso embriagado
De tanto sentir e amar

sexta-feira, 5 de março de 2010

Terra do Norte



Percorri trilhos e vi vales verdejantes
Acordei com a passarada pela alvorada
Já tinha visto muito disto antes
Quando vivi para lá da madrugada

Acordei um dia em terras distantes
Que o tempo me levou andar
Pelas injustiças dos debutantes
Fui obrigado a caminhar

Tempos passados momentos bonitos
São esses que ficam no meu olhar
Deixamos agora o ruído e os gritos
Será que já podemos falar

Dúvidas são mais que muitas
Mas todos podemos escrever
Afinal é verdade as lutas
Para controlar o saber

Nota: Vivia na altura em Bragança data de 1975

quinta-feira, 4 de março de 2010

Renascer




O renascer das cinzas por entre fumos
O correr na estrada sem saída
O grito abafado dos defuntos
Histórias e historietas caídas
Mundo dos grandes sem pudor
Podridão cheia de bolor
Ratos e ratazanas em agonia
Pela chuva que cai
E o vento que assobia
Mãe onde estou eu
Em que mundo
Ou já morri
Se morri de que maleita
Se o meu mal foi unicamente a deita
Não me digas por favor
Porque o que mais me custa
É esta dor
Dor que tarda em sair
Sinto os meus ouvidos a zunir
Nem comboio nem camião
Nem bicicleta pela mão
Desejo isso sim paz
Fico-me mesmo no chão
Este que me viu levantar
E pelo qual aprendi a andar
Não vou de empurrão
Segura-me isso sim na minha mão
E sente o que eu sinto
Este frio no peito
E o bater do coração
Meu filho consegues dizer não
Choro por dentro
Por fora é ilusão
Desejo isso sim dar-te o meu coração
Porque tudo o resto me levaram
Me despejaram de tudo
Não da alma nem do coração
Esses são meus e teus
E de mais alguém
Que me entenda e compreenda
Porque este Mundo é uma ilusão
Olho para o rio fundo e negro
Que passa aqui perto mas nem água leva
Nem me posso atirar porque seria desilusão
Aqui mesmo ao meu lado pequeninos e lindos
Dormem descansados e a seu lado
O meu Amor por ele não posso desistir
Mas lá no fundo tenho uma dor
Que o tempo vai sarar
Porque afinal vais conseguir dizer não
E todos juntos te aclamarão

ENTRE MAR...