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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Alentejo desaparecido


Na terra cansada
Onde a enxada fura com a força do homem
Os carreiros de cultivo que o consomem
Na terra já arada
Deixa para trás horas de ardor
Debaixo de um intenso calor
Na terra sem fim
Onde se adormece de cansaço

Com pouco de água no regaço

Mar dos sonhos


Fui para dentro de uma onda
E no sufoco da minha própria agonia
Queria seguir mas não podia
Porque todo o ar me faltava
O olhar se fechava
E eu ali no meio de tanta água
Vindo de dentro unicamente pedia
Que esta água me levasse
Para fundo e que tudo acabasse
Eis que sol entrou entre a espuma branca
Me abraçou
Deixando-me tão feliz
Sempre foi o que eu quis
E para lá das dunas
Sentado como nada fosse
Um menino brincava
Esperando a minha chegada
Agarrei-o e num abraço forte
Senti de novo a vida
Foi a minha sorte
Ele esperar por mim 

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Água benta para minha cura

Escrevo para adormecer sobre estes lençóis quentes dum coração pequeno que na sua pequenez se enrosca na sua própria solidão.


Vem de dentro um sopro sem mágoa
Um sussurro que embate numa parede fria
Respirar compassado fugindo para uma lagoa
Lavando depois a mãos numa grande pia
Não sei para onde vou
Nem sei se quero ir
Mas um dia se sonhou
Que talvez partiria
Almas amarguradas
Olhares
Mentes transtornadas
Revolta e lares
Belisco-me para acordar deste sonho
Procuro nas palavras soltas a solução
Nem sei se quero ir
Se fico sem coração
Onda que desejo surfar
Caminhos e passagens soberbas
Um mundo sempre a lutar
Gritos que veem das trevas
Ó mar
Revolta dos tempos modernos
Gritos abafados pela agonia
E ao longe ouve-se os compassos
Duma linda sinfonia
Caio em mim nesta cama fria
Ouve-se um ligeiro toque na porta
Salto e ela sorria
Era miragem solta
E a escuridão reaparece
Não sei se quero ir
Dos vales da minha terra
O cheiro de castanhas
O olhar da serra
E as ovelhas prenhas
Musgo verde de liberdade
Riachos de água pura
Será simplesmente saudade

Água benta para minha cura

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Vazio...


Sentir uma suave nota de música cristalina
Um dedilhar sobre cordas afinadas
Sentir no ar a saudade nunca perdida
E encontrar o sorriso na mente confinada

Este mundo onde nos encontramos na distância
Nas estradas de diferentes cores
Já lá vai o tempo da ganância
Por vezes só sentimos pequenas dores

Na mesa o lugar sempre vago
Ouvido atendo à campainha
Não passa do barulho do vizinho do lado
Crença saudade paixão amor
Tudo isso bem misturado
Numa panela sem cor

Esta vida amargurada
Criei dentro de mim mil sonhos
E outros tantos que por aí vagueiam
Por vezes até parecemos uns tontos
Mas serás sempre a minha sereia

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Olhares


A noite escura chega fria e despida
O vento assobia do lado de lá da rua
Tiro um bilhete do autocarro só de ida
Para nenhures da minha loucura

Um estalo na costela já dorida
Grito abafado com medo da agonia
Um amor que sangra de uma ferida
Da perseguição não pedida

Ai que me dói o coração
Ai que nem sei quem sou
Ai que morro pela devoção
Ai que me vou

ESVOAÇAR...

  Deixei-me ir ao sabor do vento Até encontrar a minha praia Fiquei sentado um momento Não sei onde anda a minha saia Escuto a mel...