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sábado, 14 de maio de 2016

Tardes Ribatejanas


Vento que te impede de voar

Vento que te ajuda a adormecer

Vento que traz música de encantar

Vento e só vento

Uma tarde como tantas outras

No sossego desta casa

No emaranhado de palavras soltas

Que pouco a pouco se vaza

Procuro uma música desaparecida

Duns sons que outrora ouvira

Entre o desperta de um sonho

E dum chilrear de cotovia

Cerro os meus olhos e descanso

Ouço os passos de uma criança

Numa cadeira onde dou balanço

E no ir e vir olho a Lua e o terraço

E lá longe o mar esse manso

Uma vela empurrada pelo vento

Umas quantas azinhas pelo ar a esvoaçar

Na procura de alimento e não de lar

Esse mesmo por detrás do terraço

Onde a criança brinca e volta ao meu regaço

Nos seus cabelos lisos

Eu me revejo

Afinal já fui criança

No seu olhar meigo e maroto

Ora parado ou mesmo solto

Procura por debaixo da mesa

Um brinquedo mesmo pequeno

Mas sem medo

Tropeça e um gemido sai

Assim são as tardes no Ribatejo

Aqui mesmo por detrás do terraço

O assobio do vento que passa

  O vento que lá fora assobia Não traz nada simplesmente frio No beiral aconchega-se uma cotovia De asa de lado estará ferida A cria...